14mar2018

Pais registram boletim de ocorrência contra hospital por não entregar teste do pezinho

 

Família de São Miguel Arcanjo (SP) diz que hospital alegou que exame não foi feito. Unidade hospitalar afirma que apura o que ocorreu.

Uma família de São Miguel Arcanjo (SP) registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil contra um hospital particular de Itapetininga (SP) por não entregar o teste do pezinho, que é um dos principais exames que detectam doenças que podem atrapalhar o desenvolvimento dos bebês.

A criança nasceu no dia 29 de novembro e, até o início de março deste ano, os pais não receberam o resultado do exame. A família levou o caso até a delegacia. Segundo a Polícia Civil, o registro foi feito no dia 8 de março e será investigado.

O hospital da Unimed informou que o material colhido foi encaminhado à Vigilância Epidemiológica da cidade e que caso está sendo apurado. Já a prefeitura, responsável pela Vigilância, disse que o exame estava fora dos padrões, por isso o material foi descartado (confira as respostas do hospital e da prefeitura na íntegra abaixo).

O analista de sistemas João Jorge Ferreira conta que o filho nasceu no dia 29 de novembro de 2017 e, dois dias após, foi feita a coleta de sangue para o exame.

Segundo o pai, no início de janeiro deste ano ele foi até o hospital pegar o resultado, mas acabou sendo orientado a aguardar. João conta que retornou com sua esposa no início de março e foi informado de que o teste não foi feito.

“Me falaram em janeiro que não havia o resultado ainda, para esperar mais alguns dias e que se algo fosse constatado a Apae me ligaria. Fiquei aguardando. Em março, voltamos para mais uma consulta e, para minha surpresa, não souberam dizer onde estava o resultado”, conta.

João relata que assim que soube que o teste do pezinho não tinha sido realizado procurou a ouvidoria do hospital e, em seguida, registrou o caso na delegacia para que fosse investigado.

“A coleta foi feita, mas o teste não. Estamos apreensivos e ficamos desesperados porque esse teste detecta doenças que poderiam já ser tratadas. Agora, mesmo que façam de novo não é igual. Meu filho está sem o teste do pezinho e estamos arrasados”, relata.

A Unimed Itapetininga informou que o exame foi coletado no dia 29 de novembro e encaminhado para a Vigilância Epidemiológica do município conforme fluxo estabelecido e que tem por finalidade encaminhar a amostra para análise na Associação Pais Amigos Excepcionais (APAE).

Ainda segundo a Unimed, no dia 8 de março o laboratório constatou que o resultado não estava disponível para a retirada pelos responsáveis do menor, sendo oferecida a realização do exame ‘Teste do Pezinho Tardio’ na APAE de São Paulo.

O hospital afirma que o exame contempla as mesmas doenças do teste básico garantido por lei. A Unimed ressaltou que todas as despesas ficarão sob a responsabilidade do laboratório Unimed e que está em processo contínuo de levantamentos de dados que levaram o ocorrido.

O Departamento de Vigilância Epidemiológica disse que a coleta de material, realizada pelo hospital particular, não estava dentro do prazo mínimo de 48 horas de vida do recém-nascido. O material recebido foi descartado por não estar dentro dos padrões para realização do exame, informou o órgão.

Ainda conforme a Vigilância, todo material relativo ao “Teste do Pezinho” é encaminhado à APAE de São Paulo, responsável pelo processamento dos materiais e envio de resultados.

“Não tem mais o que fazer. Eu espero que outras famílias não sofram isso. Meu filho está sem o teste e isso pode acarretar em consequências para o futuro”, ressalta o pai.

Ao G1, o infectologista e pediatra Carlos Lazar explicou que o teste precisa ser feito após 48 horas de vida até o quinto dia. Ele é obrigatório e ajuda a detectar doenças genéticas ou congênitas. Por isso, quanto mais cedo as doenças forem identificadas, maior a possibilidade de evitar sequelas nas crianças.

“O teste precisa ser nos primeiros dias antes dessas doenças aparecerem, já que ainda não há sintomas. Com ele pode identificar doenças que podem ter como consequências a deficiência mental, microcefalia. O hipotireoidismo, por exemplo, se não tratado traz o retardo mental”, explica.

Ainda segundo o especialista, o teste pode ser feito após o período indicado, mas não tem a mesma eficiência.

“Ele é insubstituível. Mesmo que se faça depois, não tem tanta eficácia quando feito nos primeiros dias de vida”, diz.

 

FONTE:

G1 – Itapetininga e Região – 14/03/2018

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